Santo do Mês - Nossa Senhora de Fátima

“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará”.
Nossa Senhora de Fátima, 1917 - 2017
Caros irmãos e queridas irmãs, estamos em um ano jubilar de comemorações marianas por ocasião dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição nas águas brasileiras do rio Paraíba, achada por três pescadores, em 1717, e também pelo centenário da aparição da Santa Mãe de Jesus em Fátima, Portugal, no ano de 1917. É importante recordar que está no mistério pascal de Cristo a justificativa das festas marianas e a veneração à Virgem Maria e aos santos e santas. Tudo na vida de Jesus e na liturgia da Igreja centraliza-se na Páscoa. Nela repousam e convergem todas as solenidades e memórias de santos e santas que souberam amar e servir a Deus presente no irmão sofredor. Natal e Páscoa são os dois grandes eixos, onde Maria Santíssima se fazia presente e obteve o venerável destaque pelo seu próprio Filho Jesus, conforme relatam os evangelistas. Dessa maneira, a Igreja não separa Mãe e Filho ao celebrar o mistério do Senhor ressuscitado, tampouco ao venerar os títulos marianos.
Estamos em maio, o “mês das mães”, queremos rezar e meditar com os fiéis do mundo inteiro sobre o mistério da aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. Em 13 de maio de 1917, as três crianças portuguesas Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco Marto, 9 anos e Jacinta Marto, 7 anos, após a Missa num pequeno lugarejo de Fátima, foram pastorear o rebanho de ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria. Segundo as descrições das felizes testemunhas, surgiu diante delas “uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Suas mãos estavam juntas em oração, apoiadas sobre o peito, e da direita pendia um lindo rosário de contas brilhantes como pérolas, encerrado por uma cruzinha de vivíssima luz prateada”.
Na primeira aparição, Nossa Senhora pede aos três pastorinhos que estivessem naquele lugar por seis meses seguidos, em todo dia 13, na mesma hora em que se deu o primeiro encontro. E diz ainda que voltaria uma sétima vez. Nas aparições que se seguiram Lúcia via e conversava com Nossa Senhora. Francisco só via e não ouvia os diálogos. Jacinta via e ouvia, mas não falava com a Virgem de Fátima. No começo as crianças se assuntaram, mas foram tranquilizadas pela Mãe de Jesus, dizendo para não terem medo, pois ela vinha do Céu. Nossa Senhora pediu para rezarem o terço todos os dias, a fim de alcançarem a Paz e o fim da Guerra (Primeira Guerra Mundial, 1914 - 1918). Em cada aparição o número de pessoas aumentava e a devoção à Maria Santíssima sob o título de Nossa Senhora de Fátima se propagava.
Ao povo de Deus que caminha pelas estradas da vida a mensagem de Fátima é recebida como mensagem de conversão e arrependimento de suas faltas. Devemos sempre buscar em Maria o exemplo perfeito de como amar e servir a Jesus, seu Filho e Senhor Nosso. Sem receio podemos ter na Virgem de Nazaré aparecida em Fátima um sinal de que o Senhor não nos abandona e se curva até nós para nos ouvir e atender nosso clamor. Em suas aparições, Nossa Senhora nos mostra que é mediadora entre a humanidade e seu Filho Jesus. Os discípulos de Jesus já assim a reconheciam, pois além do carinho, do respeito, do olhar admirativo e reflexivo que tinham sobre a pessoa dela, é certo que mais tarde o culto devocional e de veneração foi se impondo como algo intrínseco à progressão da fé em Jesus Cristo desenvolvida nas primeiras comunidades. Não nos esqueçamos de que foi Jesus quem primeiro nos levou à Maria, sua e nossa Mãe. Quem anuncia a Cristo não pode se calar sobre Maria!
Meus irmãos e minhas irmãs, devemos honrar e amar a Santíssima Virgem como verdadeiros filhos, visto que Nosso Senhor a entregou para nós como Mãe: “Mulher, eis aí teu filho. Filho, eis aí tua Mãe” (Jo 19, 26-27). Maria possui o segredo do amor de Cristo, sua grande missão é formar Jesus em nós. Em nossas famílias percebemos quase sempre que compete à mãe a educação dos filhos, e parece que Jesus, antes de morrer, disse a Nossa Senhora: Entrego em vossas mãos os frutos da Redenção. Os meios de Salvação do Povo de Deus. Formai-me bons adoradores em espírito e em verdade que me adorem e me sirvam como vós mesma me servistes e adorastes. Lembremo-nos, pois, que a Santíssima Mãe é prefigurada naquela mulher privilegiada que, com o calcanhar, esmagou a cabeça da serpente infernal (Gn 3, 15).
Na Virgem escolhida de Nazaré encontramos em plenitude a Salvação realizada por Jesus. Ela faz parte do Evangelho. Está presente, atuante ou de modo contemplativo, nas diversas passagens da vida de Cristo. Toda a Igreja, Povo de Deus, reza desde os primeiros séculos se utilizando de elementos marianos que estão presentes nos ritos eucarísticos mais antigos. Professamos no Credo Niceno-Constantinopolitano: “... e para a nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da virgem Maria, e se fez homem”. Estão presentes também ligando Maria à Igreja: “creio... na comunhão dos santos”. Foi a inspiração do Espírito Santo desenvolvendo a reflexão cristológica que abriu caminho e permitiu estabelecer o lugar teológico de Nossa Senhora no culto cristão. Os louvores, as referências, as amostras de devoção mariana que permeiam a celebração do mistério pascal no ano litúrgico são anteriores às festas específicas de Nossa Senhora. Ao celebrar os mistérios de Jesus na liturgia a Igreja admira e exalta em Maria o mais excelente fruto da Redenção (Cf. Constituição Sagrada Liturgia, nº 103).
Em 1º de janeiro temos o ano civil iniciando com a festa de Santa Maria Mãe de Deus, indicando assim o lugar especial de Nossa Senhora no mistério cristão, e ao longo de todo o ano civil e litúrgico, a Igreja recorda aos seus filhos e filhas a presença maternal e discreta de Maria na vida de Jesus. Junto a São José, ela peregrina conosco através da história, rumo à Pátria Celeste.
Além das referências sobre as festas marianas abordadas pela Constituição “Sacrosanctum Concilium”, a primeira Constituição aprovada pelos Padres Conciliares, em 1963, grande impulso foi dado pela exortação apostólica “Marialis Cultus”, do saudoso Papa Paulo VI, em fevereiro de 1974. As relações entre Maria e a liturgia estão no fato dela ser reconhecida como modelo excelentíssimo de Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo (Cf. Marialis Cultus, nº 16). As celebrações das festas marianas devem, sobretudo, conduzir-nos a uma espiritualidade centrada no mistério de Cristo. Tendo Cristo como o centro de sua vida, Maria sabe nos indicar onde e como encontrar o seu Filho e segui-lo fielmente. Possamos compreender a mensagem de Paz e conversão deixada por Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos e vivê-la com profunda piedade. Sejamos ajudados pelos Beatos de Fátima a perseverar na fé, na vigilância e na oração a Deus pela récita do santo Rosário. Os Beatos Jacinta e Francisco Marto mesmo partindo ainda crianças para a Casa do Pai deram um grande e piedoso testemunho de fé em suas vidas e serão as primeiras crianças que não foram mártires a serem reconhecidas como Santas por toda Igreja no dia 13 de maio, durante a celebração da Missa em ação de graças pelo centenário da primeira aparição de Nossa Senhora.
Que seguindo os ensinamentos da Virgem de Fátima possamos receber as graças e maravilhas dos Céus, sendo livres de todos os perigos e ciladas do inimigo. Apeguemo-nos ao coração de Maria, pois ela nos assegurou: “Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará”. Ó Maria, queremos triunfar no amor convosco!
Amável Mãe de Cristo e Nossa Senhora de Fátima, emprestai-nos vosso manto de pureza, revesti-nos da candura e do esplendor de vossa Imaculada Conceição, olhai com bondade materna os vossos filhos e filhas que sofrem perseguições e são vítimas das novas formas de guerras que são as injustiças sociais, protegei com vossa destra e amparai com vossa poderosa intercessão as crianças refugiadas e suas famílias que sofrem o exílio, os povos indígenas do Brasil vítimas de grileiros impiedosos, os trabalhadores ameaçados por reformas trabalhistas injustas que retiram direitos fundamentais e favorecem o retorno dos modos de produção e das relações de trabalho em condições análogas à exploração e guardai os cristãos que não podem professar sua fé em liberdade.
Rezemos ainda, com as palavras ditas pela Virgem de Fátima aos três Beatos na Cova da Iria a fim de alcançarmos a felicidade eterna para nós e para as almas que padecem no Purgatório: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem da vossa Misericórdia”.3
Nossa Senhora de Fátima rogai por nós que recorremos a vós!
Éder Soares - Catequista