Santos Juninos

Eucaristia: “fonte inesgotável de santidade”!
Caríssimos irmãos e queridas irmãs, recordou-nos São João Paulo II na encíclica do ano de 2003 intitulada Ecclesia de Eucharistia que o Santíssimo Sacramento é “fonte inesgotável de santidade” (p.12).
No mês junho celebramos a Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, é a Festa de Corpus Christi. E é com as palavras de São João Paulo II que queremos louvar a Deus pela vida dos santos celebrados neste mês, pois todos souberam amar o Cristo presente entre nós em Corpo, Sangue, Alma e Divindade tanto como Pessoa encarnada quanto em presença real na Eucaristia e seguiram o seu Exemplo de entrega total aos irmãos e irmãs. Os santos pertenceram à Igreja Militante e hoje fazem parte da Igreja Triunfante. “A igreja vive da Eucaristia” (p. 3) e nunca duvidou da presença real do seu Senhor na Sagrada Comunhão. Desse modo, desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos. Santos que viveram antes, mas na expectativa da chegada do Messias, durante e depois da vinda de Jesus à Terra reconheceram Nele a Salvação que vem de Deus para toda humanidade presente em todos os tempos e lugares.
No primeiro dia de junho celebramos a memória de São Justino, mártir e filósofo cristão. Nascido na Palestina, na cidade de Siquém, ele sempre caminhou sedento em busca da verdade capaz de explicar e dar sentido a todas as coisas existentes. Em uma de suas andanças, Justino encontrou um ancião que lhe apresentou o ‘algo mais’ que tanto procurava. Falou dos profetas, da fé, da verdade, do mistério de Deus e de Jesus Cristo. Tais ensinamentos tocaram profundamente o espírito e a inteligência de São Justino. Após sua conversão ao cristianismo, o santo passou a ser um exímio Apologeta e a dedicar sua vida para apresentar a fé cristã de modo compreensível e acessível especialmente para aqueles que teciam críticas que desqualificavam a Religião. Tornou-se um grande filósofo cristão, sacerdote, um homem que conseguiu corresponder diariamente aos desígnios de Deus. Voltou sua inteligência e seu espírito à tentativa de reconciliar Fé e Razão e a traduzir em argumentos racionais aquilo que somente pela fé poderia ser percebido. Mergulhou o seu ser no coração de Jesus, fonte e origem de toda graça, bênção e santidade. Num de seus textos em defesa da fé cristã, São Justino faz a descrição da Santa Missa na Igreja primitiva revelando sua devoção e piedade para com Jesus Eucarístico, dizia ele: “Este alimento se chama entre nós Eucaristia... não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim também nos foi ensinado que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças, alimento de que, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossas carnes, é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado” (Apologias, I, p. 6, 427-430). Por não aceitar a verdade revelada, um filósofo pagão denunciou São Justino às autoridades romanas, que foi julgado injustamente, flagelado e por não renunciar a Jesus Cristo permanecendo firme na fé, sofreu o martírio no ano de 167.
Em 13 de junho festejamos a vida de Santo Antônio (de Lisboa ou de Pádua) e encontramos nela a bela passagem do milagre Eucarístico. Livros históricos narram que após os ensinamentos do santo sobre a presença real do Senhor nas espécies consagradas do pão e do vinho um herege se aproximou dele e o desafiou a provar por meio de um milagre a presença verdadeira do Corpo de Cristo na comunhão dizendo que acreditaria na Eucaristia se a sua mula, que seria deixada sem comer por três dias, comesse a hóstia que o santo lhe oferecesse, em vez da forragem por ele dada. O encontro foi marcado na Praça grande (atual Praça dos Três Mártires em Rimini, Itália), atraindo uma multidão enorme de curiosos. No dia combinado, portanto, o homem apareceu com a mula e com a cesta de forragem. Chegou Santo Antônio que, depois de ter presidido a Santa Missa, trouxe em procissão a hóstia consagrada dentro do ostensório até o local. Diante da mula, Frei Antônio teria dito: “Em virtude e em nome do Criador, que eu, por mais indigno que seja, tenho realmente nas mãos, te digo, ó animal, e te ordeno que te aproximes rapidamente com humildade e o adores com a devida veneração”. E o animal, apesar de estar esgotado pela fome, deixou de lado o feno, e aproximou-se para adorar a Eucaristia a tal ponto que inclinou os joelhos dianteiros e a cabeça, provocando a admiração e o entusiasmo dos presentes. Logo o seu dono ao ver o milagre se jogou ao chão confessando publicamente os seus erros, tornando-se a partir daquele dia um dos mais fervorosos cooperadores do Santo. Santo Antônio viveu para Eucaristia até o fim de sua vida.
Em 24 de junho celebramos a santidade de vida de São João Batista, o grande anunciador do Reino e denunciador dos pecados. Dele aprendemos que em Jesus Cristo temos o Sacrifício Perfeito e Santo, único capaz de Salvar a todos, pois Ele é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). João Batista é o santo que, assim como a Santíssima Virgem Maria e o próprio Cristo, tem o seu nascimento recordado pela liturgia. Nasceu seis meses antes de Jesus, seu primo, e foi um anjo quem revelou seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos rezava com sua esposa Isabel para terem um filho. As Sagradas Escrituras nos mostram que possivelmente depois de idade adequada, João teria adotado estilo de vida simples no deserto, próximo ao rio Jordão, e era dedicado a profunda penitência e oração. O Evangelho de São Mateus nos diz ainda que “João usava um traje de pelo de camelo, com um cinto de couro à volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre” (Mt 3, 4). O que o tornou tão importante para a história do cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o Messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor com pregações conclamando os fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência, por isso chamado de “Batista”. Soube amar e servir a Cristo até o seu martírio.
Por fim, no dia 29 de junho celebramos a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Esses santos são chamados pela Tradição da Igreja de “cabeças dos apóstolos” por terem sido os principais líderes da Igreja cristã primitiva, tanto por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários.
São Pedro, que tinha como primeiro nome Simão era pescador e natural de Betsaida, foi chamado a ser apóstolo pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu ao Mestre, estando presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro, a rocha firme. A fidelidade a Jesus foi expressa durante toda a sua entrega a Ele. Permanecendo firme como chefe dos apóstolos, São Pedro atraia multidões com suas pregações e catequeses (At 2, 14-36). A fé de Pedro é também a fé da Igreja e com ele continuamos a dizer a Jesus em cada Eucaristia celebrada: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). Após cumprir sua missão, o apóstolo São Pedro foi levado ao martírio morrendo pregado numa cruz, porém não se considerando digno de entregar sua vida de modo semelhante ao do Cristo pediu para que fosse crucificado de cabeça para baixo. E assim aconteceu. Pedro foi o primeiro Papa da Igreja de Cristo na Terra.
São Paulo, cujo nome antes da conversão era Saulo, nasceu em Tarso. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar muitos cristãos. Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o batismo no Espírito Santo e preparou-se para o ministério. Sua vida foi dedicada à missão. Sua fé em Jesus Cristo era tamanha que o levou à renúncia de si mesmo para assumir a continuidade da Missão do Senhor (I Cor 11). Tornou-se grande doutrinador e fundador de novas comunidades cristãs. São Paulo pregava uma comunhão entre os irmãos pela Eucaristia, certa vez disse o apóstolo: “O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão” (I Cor 10, 15-17). Permaneceu fiel ao Senhor até ser coroado com o martírio.
Caríssimos irmãos e queridas irmãs, sabemos que sem Jesus ninguém é forte e ninguém é santo. Mas o caminho da santidade é viver o Evangelho com o modelo das bem-aventuranças e adorando a Jesus em sua presença real na Eucaristia. Cristo é o único intercessor e mediador. Porém por estarem unidos a Ele pela natureza humana que possui, os santos são intercessores e mediadores com Ele. Participam do Corpo Místico e também no dom e na missão de Jesus.
Louvemos ao Senhor pelos os seus santos e suas santas! Louvemos ao Senhor pela Santa Eucaristia que é “fonte inesgotável de santidade”!
Éder Soares.
(Catequista)