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“Santos e humildes, bendizei o Senhor!”

(Santa Paulina - São Bento - Sant’Ana e São Joaquim)

“Santos e humildes, bendizei o Senhor!” (Cântico Dn 3, 87)

Caríssimos irmãos e queridas irmãs, o mês de julho é para nós cristãos um período muito rico em celebrações litúrgicas em louvor a Deus pelas vidas dos seus santos e santas.

No Evangelho de São Mateus Jesus nos recorda que o Reino dos Céus se assemelha a uma grande festa que o Pai preparou para nós, Seus filhos, e cada um de nós é convidado para este grande banquete (Cf. Mt 22, 2). Santos e santas são aqueles que souberam responder o sim ao “convite” divino, sem qualquer recusa ou invenção de desculpas para não servi-lo, dessa maneira celebram na glória a ressurreição daquele que vive e reina e continua todos os dias, em todas as épocas, culturas e lugares, a chamar homens e mulheres para participarem da sua festa, reservada aos que forem fieis e justos diante de Deus e dos irmãos até o fim do seu peregrinar sobre a Terra.

Em seu perene “convite” a todos os povos e nações, quis o Senhor encontrar em nosso querido Brasil a Irmã Paulina com uma venerável disposição em se doar totalmente à prática do bem e da caridade aos pobres e doentes. Amábile Lúcia Visintainer era o nome de batismo daquela que seria escolhida por Deus para ser fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Nasceu em Trento, Itália, em 16 de dezembro de 1865 e veio morar no Brasil com apenas 10 anos de idade, em companhia de seus pais, residindo então no estado de Santa Catarina. A jovem de família católica ia crescendo em inteligência, estatura e no desejo de se consagrar totalmente a Deus, mesmo sem ainda qualquer contato com freiras ou congregações religiosas. Nas proximidades da cidade onde vivia, havia uma senhora doente e abandonada. Ainda muito jovem, Amábile deixou a casa de sua família e junto de sua amiga e futura companheira de fundação, Virgínia, transportaram-se para um casebre, levando a mulher enferma, passando a servi-la como suas enfermeiras. Tempos mais tarde quando esta descansou no Senhor, as jovens continuaram a permanecer na pequenina e modesta choupana onde viviam como pessoas consagradas a Deus e auxiliando os que mais necessitavam de auxílio.

No ano de 1895, um bispo da região constatando que o plano realizado na vida daquelas meninas era um chamado divino, deu-lhes a aprovação para fundarem uma comunidade de consagradas a Deus. No mesmo ano, Amábile e suas companheiras Virgínia Nicolodi e Teresa Máoli emitiram os votos religiosos. Amábile adotou o nome de Irmã Paulina do Coração agonizante de Jesus, Virgínia passou a se chamar Irmã Matilde da Imaculada Conceição e Tereza assumiu o nome de Irmã Inês de São José.

Em 1903 a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição já contava com várias jovens religiosas, dessa maneira Irmã Paulina decidiu deixar algumas irmãs em Nova Trento, cidade catarinense e, com outras, transferiu-se para São Paulo. Fixou residência no então Asilo da Sagrada Família, situada na atual Avenida Nazaré, bairro do Ipiranga. Já em 1909, sendo eleita nova superiora geral, foi a Serva de Deus para o Asilo São Vicente, na cidade de Bragança Paulista, em São Paulo. Ali, como simples serva do Senhor, permaneceu oito anos, lavando e consertando roupas dos asilados e servindo-os carinhosamente em suas necessidades.

Em 1918, a pedido de Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo e escolhido por Madre Paulina como pai e protetor da Congregação, regressou ao Ipiranga, onde permaneceu até 09 de julho de 1942, data de sua morte. Santa Paulina era irrepreensível na prática e observância dos votos religiosos de Castidade, Obediência e Pobreza. O sofrimento físico foi companheiro inseparável de toda sua vida. Diabética, três anos antes de sua morte, foi-lhe amputado o braço direito. Gradativamente foi perdendo a vista e ficou completamente cega. Como tinha profunda compreensão do valor da Cruz, sofreu tudo com heroica resignação. Foi uma alma, acima de tudo, profundamente contemplativa, dedicando a maior parte do dia à oração. Enquanto todos dormiam, Santa Paulina em seu pequeno quarto, chamado de cela, permanecia rezando noite adentro. Seu espírito de fé era inabalável e sua confiança em Deus não conhecia limites. Seu amor ao próximo era extraordinário: desejava atingir o mundo inteiro. Entre os incontáveis santos e santas do nosso Brasil que morreram a serviço do Reino, Santa Paulina foi a primeira a receber a honra dos altares. Peçamos com fé e amor à santa brasileira que interceda por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno, onde todos e todas possam ter vida plena com dignidade, justiça e paz.

Em 11 de julho a Igreja celebra a memória do Patriarca São Bento. A tradição cristã nos ensina que Bento viveu entre os anos 480 e 547. Nasceu na cidade de Núrsia, na Itália. Sua família era católica e tinha uma irmã gêmea Escolástica, que se tornaria fundadora da Ordem das Beneditinas e santa da Igreja.

Sabe-se que era ainda muito jovem quando Bento foi enviado a Roma para aprender retórica e filosofia. No entanto, decepcionado com a vida mundana e superficial da cidade, retirou-se para uma vida reclusa, dedicando-se aos estudos bíblicos e da História do cristianismo.

Ainda não satisfeito, isolou-se numa gruta do Monte Subiaco. Assim viveu por três anos, na oração e na penitência, sempre estudando muito. Depois, agregou-se a outros monges que também vivam em deserto, estes logo o elegeram seu prior por sua santidade de vida. Mas a disciplina exigida por Bento era tão rígida, que estes monges não o suportaram e voltaram-se contra o Abade. Dessa maneira, Bento abandona o convento e próximo ao Monte Cassino, também na Itália, construiu o seu primeiro mosteiro. O lema de sua vida monástica era “ora et labora” (oração e trabalho), a cruz, o cajado e as Sagradas Escrituras passaram a ser seus instrumentos na missão.

Assim se estabelecia o ritmo da vida monástica: o justo equilíbrio do corpo, da mente e do espírito para manter-se em comunhão com Deus. São Bento registrou na Regula Benedicti ou Regra de São Bento, por ele mesmo criada, que o monge deve ser "não soberbo, não violento, não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não difamador, não murmurador" (RB 4, 35-41). São Bento com seu exemplo simples, orante e dedicado ao serviço à conversão das almas perdidas, propôs um novo modelo de homem: aquele que vive em completa união com Deus, através do seu próprio trabalho. Tornou-se modelo de santo, fugindo sempre da tentação através da oração constante, tendo uma vida de atenção à presença de Deus. Além da vida em profunda oração, São Bento dedicou-se à meditação e aos diversos exercícios para a santidade. Seu repouso no Senhor se deu no dia 11 de julho de 547, enquanto celebrava a Eucaristia com seus confrades. Ao glorioso São Bento, conhecido por sua santidade e sabedoria, pedimos o amparo a todos aqueles que hoje vivem na procura de uma íntima comunhão com Deus. Dando-lhes força em seus combates espirituais e a graça de perseverarem até o fim, no caminho da santidade.

Ainda destacando algumas entre tantas vidas santas festejadas durante o mês de julho, a Igreja celebra a memória dos santos avós maternos de Jesus, Senhora Sant’Ana e Senhor São Joaquim.

Desde os primeiros cristãos as memórias dos pais da Virgem Maria, São Joaquim e Sant’Ana, são celebradas com devoção. A antiga tradição da Igreja os recorda em sua liturgia no dia 26 de julho. Sabe-se através de relatos históricos que o casal era conhecido pela santidade de vida conjugal, já estava com idade avançada e ainda não tinha filhos e a esterilidade lhe causava sofrimento e desânimo. Porém Joaquim e Ana não desistiram de suplicar a Deus a graça tão esperada. Rezaram por muitos anos até que o Senhor ouviu os clamores dos seus servos.

Do amor, da fé e da vida idosa do casal nasceu Maria, que iria gerar o Filho de Deus. A santidade de Maria atesta para nós a santidade de seus pais, pois pelos frutos conhecemos as árvores, como nos afirmou Jesus (Cf. Mt 7, 20). Maria ao nascer não só tirou dos ombros de seus pais o peso de um casamento sem frutos, mas ainda recompensou-os pela fé em Deus e vida perfeita em santidade, tornando-se a escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus.

Santa Maria recebeu, no lar formado por seus pais, todo o tesouro das tradições da Casa de Davi que passavam de uma geração para outra. Foi nele que aprendeu a dirigir-se a Deus com imensa piedade e nele ainda que conheceu as profecias relativas à chegada do Messias. São Joaquim e Sant’Ana foram, no seu tempo e nas circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto da salvação da humanidade. Recordar as memórias dos avós de Jesus Cristo é considerar a importância dos idosos para suas famílias, bem como para toda a sociedade. Como nos disse o Santo Padre, o Papa Francisco, numa de suas catequeses no início de seu pontificado: “Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória e, consequentemente, um povo sem futuro”.

Em nossas comunidades os idosos, “vovós” e “vovôs” são tesouros de fé inestimáveis, são como que alicerces mantenedores dos trabalhos pastorais e da evangelização. Enquanto jovens e adultos se veem cada vez mais atarefados por suas obrigações seculares, nossos idosos celebram os mistérios da vida de Jesus nas comunidades por si e pelos outros. “A oração dos idosos e dos avós é um dom para a Igreja, é uma riqueza! Alguém deve, então, cantar, também para eles, cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles!”, disse-nos o Papa Francisco na catequese realizada em 24 de julho de 2015, por ocasião da celebração da memória dos avós de Jesus.

Sendo assim, rezemos com e por nossos avós a antiga jaculatória a fim de obtermos dos avós de Jesus Cristo o mais excelso prêmio: “Senhora Sant’Ana e Senhor São Joaquim a graça alcançai-nos da glória sem fim”!

Que possamos ser como estes santos e santas humildes em suas vidas e que souberam bendizer ao Senhor com fé, esperança e amor. Assim seja!

Éder Soares
Catequista