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São Francisco de Assis

São Francisco de Assis: “Se suportarmos tudo isso com paciência... nisso está a perfeita alegria!”

Caríssimos irmãos e queridas irmãs, estamos no mês de outubro e nele somos chamados a louvar a Deus por tantos homens e mulheres, santos e santas que na vida souberam amar a Cristo presente nos irmãos e viveram plenamente os frutos do Espírito Santo, principalmente a alegria. Entre os santos que buscaram viver na perfeita alegria destacamos São Francisco de Assis. Francisco, como sabemos, abdicou de todos os bens materiais que possuía, fez votos de pobreza, castidade e obediência e dizia que sua maior virtude era a perfeita alegria. A felicidade de Francisco era mais do que o simples contentamento ou satisfação. Ele encontrou a sua própria plenitude em toda a natureza, em contato com os animaizinhos.  Com grande simplicidade respeitava a obra e o plano de Deus em sua concepção verdadeira e não se abalava com as adversidades da vida. 

A perfeita alegria era um estado pleno e inabalável de felicidade que não podia ser dissipado nem mesmo pela provação mais feroz ou pelo momento mais difícil, era um encantamento infinito pelas obras do Senhor que nada o poderia abalar.

A intimidade com Deus fazia transbordar em Francisco uma alegria imensa, vibrante, uma paz serena e duradoura, como se estivesse "embriagado" de Deus. Na oração constante, buscava conhecer a vontade do Senhor amoroso, Sumo e Único Bem. Ao voltar de suas orações procurava sempre, com seus confrades, comportar-se em conformidade com os demais. Dizia-se sobre o jovem Francisco: "ele não é um orante, mas um homem feito oração". Para explicar a sua perfeita alegria narrava uma história bastante interessante.

Um dia, enquanto São Francisco caminhava com Frei Leão, indo de Perugia para Santa Maria dos Anjos, durante um rigoroso inverno, Francisco o chamou, pois o seu companheiro andava mais a frente e lhe disse: Irmão Leão, quer saber em que consiste a perfeita alegria? Eu te direi! Ainda que o frade menor desse o maior exemplo de santidade e de boa edificação, em toda a terra, escreve que nisso não está a perfeita alegria.

Andando mais um pouco torna a o chamar: Ó Irmão Leão, ainda que o frade menor curasse os cegos, os paralíticos, os surdos, os coxos, os mudos e mesmo ressuscitasse mortos de quatro dias, escreve que nisso não está a perfeita alegria. Novamente andando mais um pouco, Francisco grita com força: Ó Irmão Leão, se o frade menor soubesse todas as línguas do mundo, todas as ciências, escrituras e profetizasse e revelasse as coisas futuras, os segredos das consciências, escreve que nisso não está a perfeita alegria. Indo mais adiante, São Francisco o chama mais uma vez com força: Ó Irmão Leão, ovelhinha de Deus, mesmo que o frade menor falasse a língua dos anjos e soubesse tudo sobre as estrelas e sobre as ervas e lhe fossem revelados todos os segredos da terra, dos pássaros, dos peixes, de todos os animais, homens, árvores, pedras, raízes e águas, escreve que nisso não está a perfeita alegria.

E caminhando mais um pouco torna a o chamar em alta voz: Ó Irmão Leão, ainda que o frade menor soubesse pregar como ninguém e convertesse todos os infiéis da terra, escreve que nisso não está a perfeita alegria.

São Francisco continuou falando assim pelo longo caminho. Então, Frei Leão, bastante admirado, perguntou-lhe: Pai, peço-te por amor de Deus que me digas onde está a perfeita alegria! Então, o santo lhe respondeu: Quando nós chegarmos ao convento, totalmente molhados, tremendo de frio por causa da neve, cheios de lama e de fome e batermos na porta e o irmão-porteiro nos disser: ‘Quem são vocês?’? E nós lhe dissermos que somos dois de seus irmãos, mas ele irritado falar: ‘Não são não! Vocês são dois vagabundos que andam enganando a todos por aí, roubando as esmolas dos pobres. Por isso, fora daqui!’ E não nos deixar entrar no convento e fazer com que fiquemos na neve, na chuva e com frio e fome até de noite: então, se suportarmos tudo isso com alegria, sem nos perturbarmos e sem murmurarmos contra ele e até pensarmos humildemente que o porteiro nos reconheceu e nos falou aquilo tudo com a permissão de Deus: aí, sim, irmão Leão, escreve que nisto está a perfeita alegria! E depois de tudo isso, irmão Leão, se continuarmos a bater à porta e ele sair do convento furioso e nos expulsar falando-nos muitas injúrias e nos der bofetadas dizendo: ‘Fora daqui, seus ladrões, aqui ninguém lhes dará comida nem cama.’ Se suportarmos tudo isso com paciência e alegria e de bom coração, escreve, irmão Leão, nisso está a perfeita alegria!

E ainda uma vez, por causa da fome e do frio da noite, batermos e chamarmos e pedirmos pelo o amor de Deus com muitas lágrimas que nos abre a porta e nos deixe entrar e, se ele mais escandalizado nos chamar de vagabundos importunos e disser que nos pagará como merecemos e sair com um bastão nodoso na mão e nos agarrar pelo capuz e nos atirar ao chão e nos arrastar pela neve e nos bater muito. Se suportarmos todas estas coisas com paciência e alegria, pensando em tudo o que Cristo bendito sofreu por nós, escreve, irmão Leão, que nisso está a perfeita alegria e ouve, pois, a conclusão: acima de todas as graças e de todos os dons do Espírito Santo, os quais Cristo sempre concede aos seus amigos, está o dom de conseguir vencer-se a si mesmo e, de boa vontade, suportar todas as injúrias e desprezos, lembrando sempre que todos os dons vêm de Deus, como nos diz o Apóstolo Paulo: ‘Que tens tu que não o haja recebido de Deus? E se recebeste dele, porque te glorias?’ (1Cor7). Mas, irmão Leão, nós podemos nos gloriar na cruz da tribulação de cada aflição, porque isto sim é nosso!

Caríssimos irmãos e queridas irmãs, os ensinamentos de São Francisco de Assis, que celebramos sua entrada no céu aos 4 de outubro, revelam que em momentos de desventuras devemos buscar encontrar e praticar a paciência, tolerância e não ficarmos abalados, nisso consistirá a verdadeira e perfeita alegria e a verdadeira virtude. A mensagem maior de São Francisco de Assis para nós é aquela que diz que podemos ser tão felizes e plenos em Deus que nossa alegria transcende qualquer barreira, toda tribulação.

Que São Francisco de Assis nos inspire a buscar e nos auxilie a sentir a perfeita alegria e rogue a Deus por nós e por aqueles tantos que agora choram. Assim seja!

 

Éder Soares Sá Britto
Catequista.